Bodas de Prata


(20/05/2023) Posso dizer que para mim não é nenhuma novidade.

O meu joelho está a ficar aborrecido de me aturar, nada que o Doutor Ricardo Varatojo não me tenha avisado da primeira vez que olhou para ele.

Puxando a fita do tempo atrás – uma expressão muito atual – chego ao início de 1987. Uma pantufada que levei durante um jogo na Serra, uma aldeia perto da Merceana, em meados do ano anterior, levou-me até à mesa das operações, pouco meses depois de ter nascido a Cláudia.

Depois dessa intervenção voltei aos pelados, fiz a minha despedida do futebol com uma última época na Associação Desportiva do Carregado, continuei a jogar andebol, futebol de salão, que mais tarde evoluiu para futsal, além do ténis que chegou na meninice do Ricardo.

Verdade que ele nunca me deixou de me incomodar, mas gelo e gostar de jogar levaram-me até 2011 onde quase já não conseguia andar, apesar de continuar com a raquete em movimento.

Nesse ano fui operado ao meu querido joelho esquerdo, mas com a indicação de que a gravidade das lesões existentes não possibilitavam uma recuperação total, mesmo com um corte na tíbia, para tentar menorizar os estragos.

Nessa altura fiquei com uma placa a aguardar o crescimento do osso, mas em 2015 ela revoltou-se e voltei a ganhar vinte sete agrafos para a retirar. O Doutor Varatojo queria-me colocar uma prótese aos 49 anos de idade – antes da segunda intervenção – mas percebendo a minha irrequietude, combinou que quando eu sossegasse para lá ir ter com ele.

Liguei o portátil, enquanto tentava perceber se estará a chegar essa altura de um joelho artificial, mas que vou tentar adiar.

Segundos depois chegou a malta.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude”.

“Que cara é essa”, perguntou a RODINHAS.

“Dói-me o joelho”, lamentei-me eu.

“Andas a abusar?”, perguntou o OLHA.

“Faço as minhas caminhadas de segunda a sexta, mas em ritmo tranquilo. Mas eu já sabia que com o tempo a coisa podia piorar, mas o canhoto não tem inchado, pode ser que não seja nada de grave”.

“E como está o Francisco?”, questionou o ALÉU.

“Está ótimo. Foi levar as primeiras vacinas esta semana e mostrou que tem bons pulmões”.

“Claro, quem é que gosta que o piquem? Ganda puto!”, riu-se o OLHA.

“Antes de irmos à nossa caixa dos aniversários, deixem-me prevenir-vos que vamos ter uma semana com chuva”.

“Estás a brincar Tio? Tinha duas folgas na Faculdade e estava a pensar ir à praia!”.

“Podes ir na mesma, mas vais banhar-te totalmente”, gozei eu. “Bem vamos lá aos parabéns sem bolo, começando eu com a comemoração neste sábado do Dia da Marinha. Esta data celebra-se desde 1998 em homenagem ao grande feito de Vasco da Gama e a sua armada que ligou, por via marítima, a Europa ao Oriente chegando a Calcute, na Índia, há 525 anos”.

“Já lá vão cinco séculos e um quarto”, fez as contas o ALÉU. “Não quero ser spoiler, mas um passarinho avisou-me que hoje só temos aniversariantes ligados ao futebol”.

“Ai, ai, o Tio vai ficar zangado com essa inglesice!”, brincou a RODINHAS.

“Tio, todos dizemos isto, mas pronto, não queria antecipar-me ao que vai ser dito daqui a pouco”, explicou ele.

“Já percebi, avança lá com o teu aniversariante, que eu faço de conta que não ouvi”.

“Eu escolhi um guarda-redes que nasceu em Espanha, terminou a carreira em Portugal, teve um percurso inacreditável e faz hoje 42 anos. Alguém quer dar um palpite?”.

“Estás a abrir uma nova janela de oportunidade por aqui”, afirmou o OLHA. “Mas essa é fácil, Iker Casillas”.

“Bolas, à primeira?!”. Curiosamente também eu escolhi um guarda-redes. Nasceu em Plzen há 40 anos, fez uma carreira sensacional em Inglaterra, onde teve um grande susto, à semelhança do que aconteceu com o Iker por cá”.

“Essa também é fácil, o internacional checo Petr Cech”, afirmou a RODINHAS. “Eu também encontrei um jogador que fez furor em Portugal, faz hoje 39 anos, sendo o melhor marcador estrangeiro do Benfica”.

“Que fácil! Oscar Tacuara Cardoso”, gritaram os dois putos.

“Como sabem eu sou benfiquista, sendo que a única camisola do clube que tenho é uma com o número 7 do paraguaio. Sempre gostei muito dele”, afirmei eu. “Arrumada a nossa caixa dos aniversários, vamos lá à escala para esta semana. Eu vou ficar com as meias-finais da Primeirona, a RODINHAS vai espreitar a Terceirona, enquanto que vocês ficam com a Segundona, sendo que até vos deixo escolher quem fica a Norte e a Sul. Todos de acordo?”.

“Vamos lá a isso. Temo-nos esquecido, mas o que vai ser o almoço hoje por aí?”, questionou o OLHA.

“Daqui a pouco vou fazer uma carne de porco à alentejana, sendo que hoje os nossos amigos Eduardo e Vasco vêm cá almoçar”.

“Já estou a salivar”, brincou o ALÉU.

“Até terça-feira juventude”.

“Adeus Tio, cá estaremos”, despediram-se eles

Portátil em pausa, fui descascar as batatas, primeiro passo para a refeição de hoje, pois a carne já está temperada desde ontem, assim como as amêijoas na sua pequena piscina com sal.

Hoje no FORA DO BANCO temos um grande impulsionador do hóquei feminino português, que ainda por cima alinha num excelente anho assado no forno, um dos meus pratos preferidos.

Hoje sou eu que vou ficar à espera de um convite.

Nome Completo: Hélder Nuno de Sousa Antunes
Clube atual: Federação de Patinagem de Portugal
Idade: 43 anos
Local de Nascimento: Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses

Prato preferido: Que me perdoem os outros “pratos”, vou eleger uma das especialidades da minha região, anho assado no forno com arroz e batata

Melhor cidade para viver: Não é cidade, mas é o melhor local para viver, Vila Boa do Bispo

Livro que está na mesa de cabeceira: Muitas Vidas, Muitos Mestres

O filme que já viu mais do que uma vez: Duelo de Titãs

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim, CP Vila Boa do Bispo, AH Marco de Canaveses e HC Marco de Canaveses

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Chegou cedo, por volta dos meus 17 anos. Fui sempre conciliando a carreira de atleta com a de treinador durante vários anos até chegar o dia em que deixei de ser atleta e foquei-me somente na carreira de treinador. A minha primeira experiência como treinador principal começou com uma equipa de sub-15 masculinos (iniciados na altura), e simultaneamente uma outra de sub-11 feminino (infantis na altura) de onde saíram posteriormente atletas que se afirmaram na modalidade como a Vânia Ribeiro (Pixixi) e a Vânia Azevedo

Clubes/seleções que já treinou: CP Vila Boa do Bispo, HC Marco, CH Carvalhos, FC Porto, AD Valongo e Seleção Distrital do Porto

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: O “mais fácil treinar” para mim não existe. Há́ um contexto no qual estamos inseridos e dentro desse contexto temos de ser sempre exigentes a todos os níveis

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: No contexto atual em que estamos inseridos (provas concentradas), realizamos um trabalho extenso previamente e posteriormente ajustamos tudo dia a dia

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Isso são coisas internas a um jogo ou à modalidade e prefiro não emitir opiniões publicamente de alguns temas

Maior tristeza como treinador: Tenho duas grandes tristezas, a perca de um dirigente que “apostou” em mim como treinador em 1997, o Sr. Fernando, ex-dirigente da CP Vila Boa do Bispo, e a perca de uma jovem atleta (guarda-redes) muito promissora com quem trabalhei no CH Carvalhos, a Anabela (a nossa Belinha), ambas as percas por motivos de saúde. Isso são para mim as maiores tristezas, não há́ piores resultados ou piores classificações que nos causem tristeza como a “partida” de pessoas que vestiram a mesma camisola que nós

E, claro, a maior alegria: Há́ muitas alegrias pelo caminho já trilhado, mas a maior alegria, sem dúvida alguma, que ainda está por chegar.

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Respondo da mesma formo como o fiz na questão da alteração de algumas regras no hóquei em patins.

(23/05/2023) Começou no domingo o mau tempo previsto para o território português. Por aqui tivemos dois dias de alertas amarelo, mas depois de abril sem águas mil, o sucessor maio deu uma ajuda na necessidade de chuva, mas pouco.

As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revelava que esta instabilidade aconteceria sempre no período da tarde de cada dia, fruto de uma depressão em altitude que atingia, principalmente, a zona centro e sul do País.

Depois de ler esta notícia, fiz uma reflexão profunda. Porque será que o raio desta vaga depressionária só atua depois de almoço? A resposta não me parece muito difícil, pois ela deve ter aquele problema, como muitas pessoas que conheço, na dificuldade em se levantar cedo da cama.

Enquanto fazia tempo para me reunir com a juventude, recordei uma efeméride de ontem. Há 25 anos era inaugurada a Expo’98, uma data que vou guardar para sempre na minha memória. Em primeiro lugar, porque me fartei de vender bilhetes para a Exposição Mundial – a CGD era o Banco oficial – durante várias semanas, depois porque usufrui, dentro do possível, a esta extraordinária organização que durante cinco dias visitei com a Princesa, Cláudia e Ricardo.

Chegou a hora e eles, como habitualmente surgiram no monitor.

“Boa noite Tio”, saudaram-me os três em simultâneo.

“Boa noite juventude. Estava aqui a pensar…”.

“Outra reflexão, Tio”, interrompeu com uma gargalhada o ALÉU.

“Era mais uma recordação. Algum de vocês sabe o que foi inaugurado em 22 de maio de 1998?”.

“Eu ainda não era nascido, aliás nenhum de nós”, afirmou com um sorriso o OLHA. “Mas por acaso eu sei, porque os meus Pais estiveram lá e já me mostraram fotografias e falaram-me sobre isso. Foi o início da Expo’98, uma exposição que mudou aquela zona de Lisboa”.

“Por acaso vi ontem na televisão uma reportagem sobre isso”, confirmou a RODINHAS.

“Exatamente, eu fui lá cinco dias, não logo no início, mas recordo-me de uma coincidência com 25 anos de diferença. Os primeiros dias do certame foram marcados pela chuva, pelo que não foram muitos os visitantes. Mas à medida que as pessoas iam visitando e contavam a familiares e amigos a grandiosidade de tudo aquilo, aumentou exponencialmente o número de presenças, ao ponto de haver pavilhões de alguns países que não consegui visitar, tal eram as filas longas para lá entrar, por exemplo Espanha e Alemanha, além do Oceanário, que só visitei anos depois”.

“Tio, recordas-te de algum em especial que tenhas gostado muito?”, questionou o ALÉU.

“Gostei de muitos, mas os vulcões de água no exterior, que ainda hoje existem, era uma das referências da exposição, por ser uma coisa diferente. As pessoas ficavam ali minutos para fazerem uma bela fotografia ou tomarem um belo banho. Bem, eu já deixei aqui o meu, mas o que é que vocês têm hoje para a nossa caixa dos aniversários?”.

“Como eu gosto muito de animais, descobri que hoje é o Dia Mundial da Tartaruga, que tem o propósito de alertar para o perigo da extinção delas e dos cágados, data que começou a ser comemorada em 2000. Eu tenho duas, a Rafaela e a Francisca”, afirmou a RODINHAS.

“Eu também já tive uma, mas não durou muito. Quem se segue?”

“Há 75 anos nasceu um grande cantor e compositor português”, começou o OLHA. “Não fazia ideia que o Carlos Mendes tinha concluído o curso de Arquitetura, mas abandonou pouco tempo depois para se dedicar à música”.

“As coisas que vocês descobrem com esta caixa. Só falta o OLHA”.

“Como eu gosto muito de automobilismo, hoje é altura de dar os parabéns a Rubens Barrichello, piloto brasileiro de Fórmula 1, conhecido por Rubinho, que hoje chegou aos 50 anos”.

“Bela idade, no dia em que lá cheguei fizeram-me uma grande surpresa. Fechada esta parte, vamos lá ao hóquei, começando com a RODINHAS”.

“Nesta fase final dos campeonatos andamos à procura dos mais felizes e a Terceirona não foge a essa ideia, sendo que aqui ninguém fica triste por descer. Quando falta apenas uma jornada, o Valença e o Grândola entraram no elevador, onde já estavam Sobreira e Vilafranquense, as quatro equipas já promovidas, enquanto que o CRIAR-T já garantiu a presença na segunda via de acesso”, terminou ela.

“Boa análise, ainda temos três equipas a tentarem chegar mais acima. Agora vamos à Segundona. Quem ficou com a zona Sul?”.

“Fui eu Tio”, afirmou o OLHA. “A primeira certeza é que a equipa B do Sporting já desceu. Já na parte superior do destino a certeza é que o Alenquer já não sobe diretamente, enquanto o Turquel está um ponto de regressar à Primeirona”.

“A Norte calhou-me a mim”, arrancou o ALÉU. “Festa na Capital do Móvel, com a subida garantida, sendo que a via alternativa ainda está aberta a três. Já no lado de baixo da tabela, a Escola Livre já se despediu deste escalão”.

“Não vale a pena desmoralizar, uns sobem, outros descem, faz parte da competição. Altura para nos despedirmos, sábado estamos cá de novo”.

“Boa noite Tio, até lá”, saíram eles em velocidade.

Mais uma semana ultrapassada onde, por aqui, as promessas de muita chuva ficaram por isso, até hoje.

Viajamos até ao Dr. Salvador Machado em Oliveira de Azeméis, onde tivemos a SACADA desta semana com dezanove golos no Nacional de sub-15, com destaque para os guarda-redes do Mealhada, João Soares (9) e João Luís (9).

À sua equipa bastava um ponto para concretizar a subida à 1ª divisão, mas festejar esse objetivo com uma vitória é mais saboroso.

Zé Miguel Gonçalves (Juventude Pacense) colocou a cereja no topo do bolo e fica com O VELHO desta semana.

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