O Regresso do Apito


(23/09/2023) Como dizem habitualmente os treinadores e os jogadores, a pré-época é sempre muito complicada.

Por aqui não temos o problema de plantel por completar ou desfalcar, pois todos os nossos colaboradores têm um contrato muito forte com esta equipa, sendo que conseguimos, atempadamente, um reforço para este grupo.

Vamos para a nossa quarta temporada, onde semana a semana, com uma pequena paragem no Natal, trazemos uma análise exaustiva e divertida do hóquei que se joga por cá e por lá, como dizia uma publicidade do supermercado onde eu costumo ir às compras.

Antes de chegar à conversa com a juventude, olhei para o calendário.

Afinal não é neste fim de semana que começam as principais provas em Portugal, pelo que me devo ter enganado na data.

Mas pronto, o encontro está marcado e vamos lá a isto.

Portátil ligado, plataforma ativada, eles estão a chegar.

“Boa noite Tio”, gritaram os três, como se eu fosse muito surdo.

“Boa noite juventude. Quase que me rebentavam os tímpanos, bolas!”.

“Temos saudades tuas, por isso esta entrada impetuosa”, riu-se a RODINHAS.

“Acho mesmo que foi a pés juntos!”, exclamei eu.

“Nada disso”, afirmou o ALÉU. “Tenho a impressão que te adiantaste uma semana no calendário, não?”.

Eu já sabia que eles não deixariam passar em claro o meu erro, por isso não valia a pena inventar.

“Tens toda a razão, percebi que a Primeirona começava este fim de semana, mas afinal é só em outubro, juntamente com a Terceirona. Mas não há problema, já arranjo trabalho para vocês”, brinquei eu. “Alguém tem alguma coisa para o fora da caixa?”.

“Eu tenho”, avançou o OLHA. “Lembro-me de aprender na escola que o outono começava a 21 ou 22 de setembro, no entanto este ano começou esta manhã”.

“Acho que estás a fazer confusão”, afirmou a RODINHAS. “Ele termina a 21 ou 22 de março, mas inicia-se a 22 ou 23 de setembro”.

“Tens razão, a nossa geniazinha sabe sempre tudo”, brincou o OLHA. “Estava baralhado”.

“Esta manhã, bem cedo, tivemos o Equinócio do Outono, momento que assinala o instante em que o Sol, tal como o vemos a partir da terra, cruza o plano do equador celeste”.

“Puxa, o Tio também sabe muita coisa”, afirmou o ALÉU.

“Não te espantes, porque eu fui ver ao Google”, expliquei eu, com uma enorme gargalhada. “Bem, vamos lá distribuir tarefas. A final da Supertaça António Livramento é para a RODINHAS, a espanhola fica para o OLHA, o ALÉU vai trazer-nos um resumo da Elite Cup que se realizou a semana passada, enquanto que eu vou espreitar o Torneio de Ponta Delgada. Todos de acordo?”.

“Simmmmmm…”, exultaram eles, imitando o grito de guerra do Cristiano Ronaldo.

“Até 3ª feira juventude”.

“Adeus Tio”, despediram-se eles, não percebi se antes ou depois de deixarem o monitor.

Eles hoje estavam tão entusiasmados que nem perguntaram o que era o nosso almoço hoje, um magnífico choco frito do Camponês.

Para o arranque do FORA DO BANCO desta temporada, nada melhor do que uma Mulher de armas e aléu.

Nome Completo: Andreia Filipa Almeida Barata

Clube atual: Associação Alcobacense de Cultura e Desporto

Idade: 36 anos

Local de Nascimento: Alcobaça

Prato preferido: Coelho guisado com puré de batata

Melhor local para viver: Ilha da Madeira

Livro que está na mesa de cabeceira: Isto Acaba Aqui

O filme que já viu mais do que uma vez: Uma Longa Jornada

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Iniciei-me no Alcobacense com 13 anos, aos 20 mudei-me para os Lobinhos e aos 24 para a Stuart onde joguei mais 3 épocas

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Ainda no Alcobacense ajudava a dar treinos, acabei por tirar o curso no ano em que fui para a Marinha de Guerra, aos 18 anos, pois não entrei logo na Universidade e queria rentabilizar esse tempo

Clubes/seleções que já treinou: Stuart onde comecei com escolares, depois sub-13, sub-17 e seniores femininos, Associação de Patinagem de Lisboa, no projeto das seleções zonais, Sporting Clube de Portugal na equipa sénior feminina, Alcobacense onde treinei sub-15, sub-17, benjamins e agora escolares, Associação de Patinagem de Leiria com as seleções femininas sub-15 e sub-17.

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Acho que ambas têm os seus desafios, se por um lado as seniores temos de gerir mais conflitos internos, na formação é mais os externos

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: No escalão onde estou, não estou focada nos jogos, pois o planeamento e os respetivos conteúdos estão bem definidos, tendo apenas de me focar na evolução dos atletas e do grupo

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: A que mais me chateava era o penálti sem o apito. Com as novas regras em vigor, confesso que a utilização do patim(pé) preocupa-me, apenas no sentido em que os treinadores podem interpretar essa regra e naquilo que vão ensinar aos seus atletas

Maior tristeza como treinador: Uma vez cheguei a um jogo e um árbitro dirigiu-se a mim como se fosse uma delegada, e depois de lhe dizer que era a treinadora ele olhou de cima para baixo e riu-se na minha cara. Fiquei mesmo triste com a modalidade nesse dia

E, claro, a maior alegria: É ver o resultado positivo do nosso trabalho, quer seja coletivamente, quer seja uma pequena evolução de um atleta

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Estando na formação, é ver um pai ou mãe a desconcentrar o filho ou a equipa. Nas seniores é quando os árbitros querem ser protagonistas dos jogos.

(26/09/2023) Não é segredo, pois partilhei esta minha dúvida com o Pedro Jorge Cabral e com a Princesa.

Será que quero continuar a fazer as Crónicas?

Confesso que durante vários dias estive hesitante, mas renovei por mais uma temporada, nunca sabendo se é a última ou não, pois há fatores que não dependem de nós.

Outro motivo para esta minha decisão, foi para não deixar a juventude triste, além de também ter pensado nos trinta ou quarenta leitores que perdem tempo a ler os disparates que saem da minha cabeça, vertidos no meu teclado.

Assumida mais uma época, vamos lá ao trabalho que se faz tarde, sendo que faltam poucos minutos para a hora combinada para conversarmos nesta terça-feira.

Ainda sem o texto do AMAGADINHO que só se vai estrear para a semana, o monitor começou a brilhar e eles surgiram em grande velocidade.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite juventude. Tudo em grande forma?”.

“Sempre, preparados para mais uma grande temporada”, exultou o OLHA.

“Grande entusiasmo, assim é que é. Alguém tem algum assunto fora da caixa?”. Perante o silêncio, avancei eu. “Apesar de não houver obrigação de efeméride, façam lá um pequeno esforço para termos sempre algum assunto para falarmos. Hoje é o Dia Europeu das Línguas, pelo que me lembrei de vos lançar uma questão. O que acham da utilização dos anglicismos por cá?”.

“A mim parece-me um exagero, mas já está tão enraizado que ninguém quer saber”, afirmou o ALÉU.

“Mas eu quero”, replicou a RODINHAS. “Acho muito feio, num país que tem uma das mais ricas línguas do Mundo se recorra de forma exagerada a esses termos. Não há nenhuma inglesice que não tenha uma palavra portuguesa que significa o mesmo”.

“Acho que estamos todos de acordo”, assinalou o OLHA. “Nós próprios na faculdade usamos muitos termos, por exemplo em economia”.

“Já que falaste em economia, uma área que poucos dominam, mais se deveria utilizar temos em português para todos compreendermos. Vou dar-vos um exemplo ligado ao hóquei em patins. Quando faço uma narração desta modalidade nunca digo time-out, quando posso dizer desconto de tempo”.

“Eu acho que há muitas pessoas que abusam dos termos em inglês para mostrarem que dominam a língua”, afirmou o ALÉU.

“Mas em Portugal a língua que devem dominar é a nossa, mas depois é cada pontapé na gramática”, referiu a RODINHAS.

“Já vi que estamos todos de acordo. Agora temos que fazer a nossa parte, não os utilizar e melgar a rapaziada que os utiliza.

“Podemos constituir um movimento contra os anglicismos”, afirmou o OLHA de forma entusiasmada.

“Não temos que ser contra nada, só usar a nossa inteligência para explicar que não vale a pena recorrer a esses termos, quando temos iguais ou melhores. Bem, vamos lá ao trabalho para hoje. Quem quer começar?”.

“Começo eu”, arrancou a RODINHAS. “A final da Supertaça António Livramento foi um belíssimo jogo, onde o Benfica não permitiu que se excedessem os limites de velocidade, obrigando os nabantinos a jogarem um bocadinho de forma diferente do que gostam. Depois foi a eficiência que ditou a vitória dos encarnados”.

“Estás uma especialista na modalidade. Vamos ouvir o ALÉU que também esteve no Municipal de Tomar, mas durante mais dias”.

“Exatamente. Foi uma excelente Elite Cup, oito equipas já num bom momento, com todos os sete jogos muito equilibrados, onde nenhum dos resultados foi com uma diferença superior a dois golos, como aconteceu na final, margem mínima no dérbi de Lisboa”.

“O que achaste do Sistema de Revisão de Vídeo?”, perguntei eu.

“Parece-me uma boa ferramenta, mas acho que não devem ser os árbitros a escolherem que lances vão analisar”.

“Ora aí está, era precisamente isso que eu queria dizer”, afirmou a RODINHAS. “Deixando ao critério da dupla de arbitragem, vai sempre haver alguém que vai desconfiar”.

“Totalmente de acordo. Devem ser as equipas a escolherem que lances devem ser escrutinados, por exemplo dois em cada parte do jogo”, sugeriu o OLHA. “Já que estou com a palavra, vou falar na final espanhola da Supertaça, que por lá é jogada por quatro equipas, mas a final foi a mais previsível. Encontro entre Liceo e Barça, os da Corunha marcaram primeiro, mas não resistiram à reviravolta blaugrana”.

“Muito bem, só falto eu apresentar trabalho. Quadrangular no Sidónio Serpa em Ponta Delgada, todos contra todos, com os picoenses do Candelária a vencerem os três jogos, arrecadando o troféu em disputa, equipa de Pedro Afonso que mantem a espinha dorsal da temporada passada, de novo à procura de chegar à Primeirona”.

“Tio, antes de nos despedirmos, o que achas do regresso do apito na marcação das penalidades e livres diretos?”, questionou o ALÉU.

“Bolas, tinha isso para falar convosco, mas já me tinha passado. Uma maravilha, parece que alguém leu a nossa conversa no início de junho sobre o assunto, uma excelente decisão. Sabem, por vezes o mais fácil é não complicar. Por esta semana está tudo, no último dia de setembro voltamos a conversar”.

“Boa noite Tio, até sábado”.

Eles saíram rapidamente da minha vista e eu fui descansar.

Amanhã é outro dia.

A primeira SACADA da época aconteceu em Ponta Delgada, durante o Torneio lá realizado no último fim de semana, com quinze golos marcados entre HC PDL e HC Entroncamento, com destaque para Michael Tavares (12), guarda-redes da formação açoriana. 

Na minha opinião é, atualmente, um dos melhores do Mundo, tendo marcado o terceiro e decisivo golo para a vitória do Barcelona na final da Supertaça.

Para Pau Bargalló vai O VELHO desta semana, o primeiro da temporada.

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