Sebastião da Liberdade


(20/01/2024) Nem sempre consigo compreender porque é que esta modalidade não tem o devido reconhecimento mundial.

Há anos um amigo entregava-me a sua explicação para o facto: “Sabes que o hóquei em patins só se joga na Península Ibérica e arredores, numas favelas brasileiras e em meia-dúzia de bairros na Argentina”.

Excluindo o cariz, muito xenófabo, da observação, acabei a pensar que ele tinha um bocadinho de razão.

A promoção de uma modalidade faz-se muito através da divulgação televisiva, pelo que deviam difundir por todo o lado o dérbi da última quarta-feira.

A partida da Liga dos Campeões foi um enorme jogo, com incerteza no marcador de princípio a fim, disputado por duas das melhores equipas portuguesas, uma excelente montra do melhor campeonato do Mundo.

Em ano de Jogos Olímpicos vamos lá ter modalidades que são incomparavelmente inferiores na dificuldade de execução, comparativamente com a capacidade que um hoquista precisa de ter para patinar, pensar e executar em escassas frações de segundo, um desporto tão complicado de praticar, mas tão belo de se ver.

Desabafo enviado para a tabela de fundo, está na hora de receber a minha equipa.

“Boa noite Tio”.

“Muito boa noite juventude”.

“Parece que já parou de chover”, constatou a RODINHAS.

“Sim, depois da depressão Irene, vêm por aí dias sem chuva e até com temperaturas simpáticas”.

“Mas esta é uma altura em que devia chover mais”, afirmou o OLHA.

“Vejam o que se está a passar no Algarve”, reforçou o ALÉU.

“Já falámos por aqui várias vezes sobre o tema, pelo que acho que ninguém tem dúvidas sobre a existência de alterações climáticas”.

“Claro que sim, mas enquanto o Sol der muitos lucros, ninguém se preocupa que não chova”, exclamou a RODINHAS.

“Há um ditado que se aplica muito a essa forma de pensar, só se lembram de Santa Bárbara quando faz trovões”, argumentou o OLHA.

“Exatamente. Sem termos combinado, o que falámos conduz-me ao Dia de São Sebastião que se comemora hoje”.

“Já ouvi falar. Não é aquele soldado que foi condenado à morte pelo imperador romano Diocleciano?”, perguntou o ALÉU.

“Esse mesmo. Reza a história que Sebastião foi amarrado a uma árvore e alvejado com muitas flechas, mas não morreu, tendo sido salvo por uma viúva chamada Irene, que ajudou a curar todos os seus ferimentos”.

“Já percebi a ligação… Santa Bárbara, depressão Irene”, riu-se a RODINHAS.

“Isso mesmo, esperta a miúda. A história não fica por aqui, ele voltou a enfrentar o imperador, sendo que desta vez foi chicoteado até à morte”.

“Tu não nasceste numa freguesia com um nome parecido?”, questionou o OLHA.

“Sim, na de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa”.

“Mas é a mesma coisa?”, quis saber o ALÉU.

“Eu explico. O rei D. João IV mandou construir uma igreja dedicada ao mártir São Sebastião, que foi edificada numa zona chamada de Pedreira e inaugurada em 1652, sendo das raras sobreviventes do terramoto de 1755. A igreja fica situada no Largo de São Sebastião, que atualmente faz parte da freguesia das Avenidas Novas, sendo que a vida dele é retratada no teto e nos painéis de azulejos que forram as paredes”.

“Porque é hoje festejado o seu dia?”, perguntou a RODINHAS.

“É o dia da sua morte em 288 d.C. Há outra curiosidade, São Sebastião é o padroeiro do Rio de Janeiro, pois os portugueses exploraram as águas da Baía de Guanabara neste dia, sendo que a cidade foi batizada como São Sebastião do Rio de Janeiro”.

“Aprendemos sempre muita coisa contigo”, brincou o OLHA.

“Também é um dos meus objetivos, mas agora vamos lá olhar para o nosso fim de semana em patins. Vamos guardar a Primeirona para o AMAGADINHO, até porque a oferta é muita. Eu vou ficar com a Taça WSE, o OLHA vai espreitar o arranque da segunda fase da Feminona, a Terceirona fica para a RODINHAS e a Segundona para o ALÉU. Alguma dúvida?”.

“Claro que sim”, confirmou a RODINHAS.

“Então o que se passa?”.

“O que é o almoço hoje?”, perguntou ela e riram-se os três.

“Já me tinha esquecido desse clássico. Hoje a refeição vem do Camponês, uns belos pezinhos de coentrada”.

“Oh Tio, assim não vale”, respondeu ela.

“Então porquê?”.

“Porque quando formos aí, não há toda essa parafernália de coisas boas para comermos”.

“Pode haver, não sei é se temos tempo para as degustar todas”, ri-me eu.

“Xau Tio, até terça”, saíram eles rapidamente.

Acho que daqui a uns meses vou ter muitas saudades desta juventude.

Não é fácil termos neste espaço jogadores internacionais.

Este joga há pelo menos trinta anos, começou no Gulpilhares, passou pelos três grandes da bola, eu diria, que também por quatro dos melhores do aléu, sendo que atualmente joga na cidade dos Arcebispos, está no FORA DO RINQUE desta semana e também gosta de ciclismo… como eu.

Nome Completo: Vítor Hugo Moreira Pinto

Clube atual: HC Braga

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 39 anos

Local de Nascimento: Vila Nova de Gaia

Clube estrangeiro futebol: Manchester City

Jogador português futebol: Bernardo Silva

Jogador estrangeiro futebol: Messi

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Tadej

Pogačar e Jonas Vingegaard (ciclismo)

Prato: Arroz de Marisco

Sobremesa: Mousse de Chocolate

Bebida: Coca-Cola Zero

Filme: A Vida é Bela

Ator: Johnny Depp

Atriz: Meryl Streep

Série televisiva: Breaking Bad

Livro: Não tenho o hábito de leitura. Mas li alguns de Dan Brown

Cidade portuguesa: Porto

Cidade estrangeira: Barcelona

Animais de estimação: Tenho uma grande variedade cá em casa,

desde cães, gatos, pavões e gansos… todos em boa coabitação

Jogo de computador/consola: FIFA

Hobbies: Ouvir música, estar com a família e ir a concertos

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Futebol

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: Todos os momentos em que ganhei uma competição foram muito importantes e estão bem presentes na minha memória. Mas há dois que são mais marcantes. A última Taça de Portugal ganha pelo FC Porto, que foi o meu último jogo pela equipa e tive a honra de levantar a taça, e a Liga Europeia ganha pelo Sporting, num pavilhão João Rocha a rebentar pelas costuras, num ambiente incrível.

(22/01/2024) Segunda-feira à noite é sempre um dia especial para mim, um dia que eu sempre destetei enquanto fui empregado por conta de outrem.

Atualmente estou sempre à espera das surpresas do AMAGADINHO que já está por aqui.

“Boa noite Tio”.

“Olá miúdo, boa noite”.

“Então lá tivemos mais uma jornada que ficou coxa”, afirmou ele.

“Pois foi, a receção do Benfica ao HC Braga ficou para o último dia de janeiro, uma quarta-feira”,

“Por acaso sabes o que o número três teve a ver com os três primeiros nesta jornada?”.

Começaram cedo as perguntas.

“Três!? Assim de repente…”.

“As equipas que estão no pódio jogaram todas em casa, no arranque da 2ª volta, venceram com alguma dificuldade e sofreram todas três golos”.

“Olha, pois foi, uma bela coincidência”.

“Mas o número três esteve em grande, sendo que só o Turquel não conseguiu chegar a esse número, pois todas as outras formações chegaram ou ultrapassaram os três golos”.

“Quase todos os jogos foram muito equilibrados, o quer dizer que a ALMOFADA foi parar à Segundona, ou estou enganado?”.

“Por acaso estás! Não sei o que se passa com os treinadores, mas não estão a apostar nos que estão no banco. Esta semana a ALMOFADA fica na minha casa, até porque o segundo escalão do nosso hóquei é o limite da minha oferta. Vamos lá a mais uma questão, sabes qual foi a única equipa que conseguiu reverter o resultado da primeira volta?”.

“Essa é fácil, o Murches que foi goleado em Barcelos, mas agora em casa reverteu essa goleada, com um pormenor interessante, onze golos nos dois jogos”.

“Exatamente Tio, qualquer dia perco o emprego”, brincou ele. Antes da minha meia-dúzia, e porque estamos na jornada do três, sabes quantas equipa estão na casa dos trinta golos sofridos até agora?”.

“Espera aí… essa não é fácil, mas vou arriscar em cinco”.

“Já percebi que hoje estás imbatível. Vamos lá à minha classificação com o Carvalhos sempre na frente (3 pontos), seguido do Riba d’Ave (11), Turquel (11), Pacense (15), Famalicense (16) e no 6º lugar o HC Braga (17) e menos um jogo”.

“Muito bem AMAGADINHO, até segunda-feira”.

“Adeus Tio. Preparara-te que para a semana as perguntas vão ser mais complicadas”.

Ele saiu de mansinho, mas já sei que vem por aí coisa complicada.

(23/01/2024) Não tenho bem a certeza, mas acho que já escrevi sobre este assunto, não sei é se foi aqui ou noutro sítio qualquer.

Porque raio é que a Páscoa não é sempre no mesmo domingo e no mesmo mês do calendário?

Estava a pensar em escrever sobre este assunto, mas depois pensei: “Jorge, quando chegares lá vais escrever sobre o quê?”.

Acho que foi o Tico que me deu esse toque, mas logo o Teco ripostou: “Se te apetece falar sobre a data da Páscoa e do Carnaval, fala já nisso e deixa-te de coisas”.

Liberdade de pensamento, liberdade de ideias, são os valores mais importantes da nossa passagem por este espaço a que chamam de Planeta Terra.

“Boa noite Tio”, gritaram os meus três assistentes.

“Bolas, esqueço-me quase sempre de ter o som baixo. Olá juventude”.

“Já percebemos que o Tio estava absorto, aliás muito absorto!”, explicou a RODINHAS com um enorme sorriso.

“Por acaso estava, a minha mente pairava sobre a liberdade”.

“Que em Portugal se celebra a 25 de abril, este ano no seu cinquentenário”, afirmou o ALÉU.

“Certo, mas fica a saber que hoje é o Dia Mundial da Liberdade”.

“Há um Dia Mundial da Liberdade?”, perguntou o OLHA.

“Há sim, uma data internacional para celebrar a liberdade que calha no dia de hoje, data criada pela ONU e proclamada pela UNESCO. Segundo a definição, tão maltratada por muitos, a liberdade é um direito de todos os seres humanos para realizarem as suas próprias escolhas, para traçarem o seu futuro e determinarem as suas opções de vida”.

“Tio, havia tanto para dizer sobre isso, mas, como dizia a outra, agora não temos tempo”, ironizou a RODINHAS.

“Verdade miúda. Temos que aproveitar a liberdade que temos, dado que as nuvens estão muito negras no horizonte, com alguns a quererem apagar cinquenta anos de liberdade. Vamos lá olhar para a ementa desta semana, começando pelo OLHA que esteve muito atento às cachopas”.

“Precisamente, um início de 2ª fase da Feminiona, sendo que me detive no grupo daqueles que querem ficar com o caneco. Tivemos uma enorme goleada na Luz, uma mais pequena em São João da Madeira e mais dois jogos muito equilibrados, sendo que num, no Tojal, tivemos mesmo um empate. Para já as finalistas do ano passado perfilam-se como as mais fortes candidatas ao título”, concluiu ele.

“Vamos ouvir agora o que a RODINHAS tem para nos dizer sobre a Terceirona”.

“Vou olhar para as equipas que estão nos lugares elegíveis para a subida. Na série A o pessoal de Ponte de Lima está na frente, mas os bês do Barcelos estão por perto e com menos um jogo, já na série B parece que vamos ter uma luta a três, com o OH – já vos disse que gosto muito deste nome… oh – com a rapaziada de Vila Boa do Bispo e de Marrazes a não desistirem da luta. Vamos até à parte de baixo, onde na série C temos uma grande salganhada. Destaque para o Tojal que está na frente sem derrotas, em igualdade com o Alenquer B, mas com o pessoal de Torres Vedras – os leões – Alcobaça e Sintra, os bês, na fila para a subida. Por último, na série D os maritimistas de Ponta Delgada continuam imbatíveis, sendo que esta semana venceram o 2º classificado, o Sporting B em Sacavém, cavando já uma diferença de sete pontos para os leões, ou seja, o regresso à Segundona pode concretizar-se no final da temporada”, terminou ela.

“Hoje vou ficar eu para o fim, por isso vai avançar o ALÉU”.

“A luta está rija na Segundona! A Norte já é possível vislumbrar três sérios candidatos à subida, com a Sanjoanense na frente, mas a malta da Póvoa de Varzim e de Viana do Castelo estão ali a morder-lhe os patins, enquanto na parte de baixo a Escola Livre está a ver a vida complicada. Já a Sul a malta da Linha – Parede e Paço de Arcos – parecem ser os principais candidatos, pois o Benfica B é o primeiro classificado, mas não pode subir, enquanto que Candelária e Biblioteca também querem lutar pelos lugares do topo, numa semana em que os alenquerenses perderam em casa com a rapaziada de Valado de Frades, ficando mais longe dos lugares que todos querem. No fundo da classificação a luta vai ser até ao fim, mas o Sintra parece ter a vida mais complicada num pelotão de oito equipas”, finalizou ele.

“Muito bem. Vamos à Taça WSE onde tivemos a 2ª mão dos oitavos de final, com as equipas portuguesas a seguirem em frente, mas com um enorme suspense, tipo Hitchcock, até ao fim da eliminatória. Para França o HC Braga levava um empate (2-2), mas não contentes, repetiram o resultado, desta vez com recurso a prolongamento, foi preciso ir até às grandes penalidades onde os bracarenses venceram por um golo. Já o Murches levava cinco golos de vantagem para a Suíça, teve a coisa controlada até perto do fim, mas o Caleta e os seus pupilos ainda sofreram bastante, mas uma derrota por quatro golos foi suficiente para seguir para os quartos. Bolas, fartei-me de sofrer”, desabafei eu.

“Mas tivemos um final feliz”, sublinhou a RODINHAS.

“Verdade. Juventude, até sábado”.

“Adeus Tio”, despediram-se os três.

Final de mais uma semana, corpo a pedir descanso, numa semana que vai ter sol todos os dias, pelo menos em terras alentejanas.

Foi em Lisboa e no final de domingo que ocorreu a SACADA desta semana.

No pavilhão da Luz tivemos dezanove golos sem resposta, com destaque para Rita Coelho (15) e Rafaela Santos (4), as duas guarda-redes do ACD Vila Boa do Bispo.

Posso confessar que é a parte mais difícil de cada Crónica, entregar esta distinção a alguém.

Na Salle Milou Decourtioux, em Coutras, o veterano Nélson Filipe defendeu quatro grandes penalidades no enervante desempate, quando nenhuma das equipas consegue resolver as coisas a jogar.

Contribuindo de forma decisiva para que o HC Braga seguisse em frente na Taça WSE, O VELHO desta semana vai direitinho para ele.  

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