Revolucionários, Marcianos e Moderados


(25/11/2023) Dentro daquilo que a minha memória me deixa recordar, sempre fui um rapaz bastante interventivo.

No primeiro ano da escola secundária, só havia um campo para jogar à bola, pelo que os grandesdominavam o espaço, com os mais novos a ficarem de fora, mas nem sempre havia uma bola para jogarmos. Nesse ano levei uma redondinha para lá, sendo que como ela era minha, eu tinha sempre acesso ao jogo, mas sem me baldar às aulas.

Ao longo dos anos fui delegado de turma, mais tarde, já como bancário, fui delegado sindical, não porque tivesse alguma filiação política, mas porque tinha necessidade de liderar dentro das minhas ideias e visão dos problemas.

Por essa altura chegou o primeiro convite de um partido político, ao qual eu respondi com uma questão: “Posso sempre dar a minha opinião, em consciência com as minhas convicções?”. Obviamente que a resposta foi negativa – isto nos finais dos anos 80 – e fechei essa possibilidade, definitivamente.

Toda esta conversa vem a propósito do dia de hoje, 25 de novembro, quarenta e oito anos depois de uma data importante para a história do nosso país, pelo que vai ser assunto para falar com os mais novos daqui a pouco.

Não demorou muito tempo, pois eles são pontuais.

“Bom dia Tio”.

“Bom dia juventude, tudo em grande?”.

“Está tudo bem”, respondeu a RODINHAS em nome da equipa.

“Alguém tem algum assunto para o fora da caixa de hoje?”.

Eles entreolharam-se, parecia que não ia sair nada, mas à última da hora surgiu uma novidade.

“Acho que hoje faz anos que nasceu o Eça de Queiroz”, exclamou o ALÉU.

“Caraças, com eça é que tu me tramaste”, brinquei eu, com este fraco trocadilho.

“Estou aqui a ver no Google… verdade, foi há 178 anos que ele nasceu na Póvoa de Varzim”, confirmou o OLHA.

“Acho que tinha lido há tempos que ele tinha nascido num dia importante para o nosso país”, explicou o ALÉU.

“Bolas, tu hoje estás imparável!”.

“Mas porquê?”.

“Porque esse era o assunto que eu tinha para falarmos, o 25 de novembro de 1975. Alguém sabe o que aconteceu nesse dia?”.

Agora sim, o silêncio não se desmontou.   

“Como já vos expliquei, há dois assuntos que eu não gosto de trazer para aqui: futebol, a nível de clubes, e política. Por isso vou tentar explicar-vos da forma mais simples possível o que aconteceu há 48 anos”.

“O tempo que durou a última ditadura por cá”, afirmou o OLHA.

“Exatamente. Ano e meio depois do 25 de abril, podíamos bipolarizar o país em revolucionários, onde tínhamos a esquerda militar, partidos de extrema esquerda, comunistas e apoiantes de Otelo, o estratega da Revolução dos Cravos, enquanto que nos denominados moderados, tínhamos também militares, mais os partidos à direita do PCP, onde estavam o PS e o PSD, com Mário Soares e Sá Carneiro à cabeça”.

“Já ouvi falar em todos esses nomes, têm ruas e praças com o nome deles”, afirmou o ALÉU.

“Porque foram figuras importantes na nossa atual democracia. Um ano depois do 25 de abril tivemos as primeiras eleições livres, com uma vitória esmagadora dos moderados, facto que não caiu bem aos revolucionários. Os meses foram passando, tivemos dias muito complicados, com um cerco à Assembleia da República por trabalhadores da construção civil em greve, um sequestro ao primeiro-ministro, Pinheiro de Azevedo e o Governo também entrou em greve”.

“Em greve!?”, exclamou a RODINHAS.

“Verdade. Tivemos perto de uma guerra civil, mas felizmente o bom senso prevaleceu, com um plano operacional idealizado por Ramalho Eanes que deu a vitória aos moderados”.

“Que mais tarde foi presidente da República”, explicou o ALÉU.

“Exatamente”.

“Fiquei com uma enorme curiosidade em conhecer essa história mais em pormenor”, afirmou o OLHA.

“Esse era um dos meus objetivos, mas já sabem que vão sempre surgir versões diferentes do que aconteceu, uma anormal normalidade quando há uma luta pelo poder. Já chega de história e revoluções, vamos lá à nossa agenda para esta semana. A RODINHAS vai estar na Primeirona, em Tomar e Riba d’Ave, com um olho na Segundona, o ALÉU estará na Póvoa de Varzim e na Parede, onde vamos ter um duelo da linha, o OLHA fica com a Terceirona, séries A e B, enquanto que as outras duas são para mim. Antes de terminar, e para evitar a vossa preocupação, ontem a Princesa já começou a tratar das carnes, para daqui a pouco comermos um belo cozido à portuguesa”.

“Bolas Tio, isso não se faz, nunca provámos um aí”, protestou o OLHA.

“Vocês nunca cá vieram com o tempo mais fresco, pois no verão, perto dos quarenta graus, não dá para comer este prato”.

“Temos que ir aí no inverno”, argumentou o ALÉU.

“No final da época está combinada a visita, mas sem cozido. Juventude, até terça-feira”.

“Adeus Tio”.

Deixei o portátil em descanso e fui provar o arroz, que confecionado na água onde foram cozidos os enchidos, fica uma maravilha.

Vamos lá degustar o meu prato preferido.

Falámos a primeira vez no Inter-Regiões de 2018, na Mealhada, depois disso já nos cruzámos mais vezes e reencontramo-nos hoje no FORA DO RINQUE.

Nome Completo: Sofia Rocha Sacadura

Clube atual: Associação Académica de Coimbra

Alcunha (se tiver): Não tenho

Idade: 19 anos

Local de Nascimento: Viseu

Clube estrangeiro futebol: Manchester City

Jogador português futebol: Diogo Dalot

Jogador estrangeiro futebol: Jude Bellingham

Jogador de outra modalidade, português ou estrangeiro: Lando Norris

Prato: Pizza

Sobremesa: Brownie de chocolate

Bebida: Água

Filme: Harry Potter e a Câmara dos Segredos

Ator: Dylan O´Brien

Atriz: Jennifer Lawrence

Série televisiva: Peaky Blinders

Livro: Maze Runner: Correr ou Morrer

Cidade portuguesa: Coimbra

Cidade estrangeira: Londres

Animais de estimação: Cão

Jogo de computador/consola: F1

Hobbies: Ouvir música, ginásio

Outra modalidade desportiva, se não fosse o hóquei: Futebol

Aquele momento ou jogo, de hóquei, que nunca vais esquecer: O meu primeiro jogo na Liga dos Campeões, frente ao Vila-sana.

(27/11/2023) Sempre que antecipo a minha conversa com ele, procuro descobrir quais serão as questões que me vai colocar, ou novos desafios que pode trazer para a conversa.

Na hora combinada ele surgiu no ecrã.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite AMAGADINHO. Então hoje, antes de falarmos da última jornada da Primeirona, o que me queres perguntar?”.

“Por acaso não tinha nenhuma, para já”.

Bolas, já me tramou.

“Mas já que fala nisso, sabe quantos golos marcou a melhor equipa na fase regular da época passada?”.

“Não sei… deixa-me pensar… em 26 jogos, devem ter sido mais que 100… talvez 120”.

“Não andou longe, foram 130 golos marcados pelo FC Porto, com a curiosidade do Benfica e Sporting terem ficado a um golo desse número”.

“Verdade!? Tanto jogo e os três grandes quase que marcaram o mesmo número de golos, uma bela coincidência. Vamos ao calendário deste ano, que a meio da semana passada acertou o passo”.

“Pois foi, tivemos três jogos, mas talvez por não ser ao fim de semana, quase que tínhamos três empates, salvos pelo Diogo Abreu”.

“Conheço-o, participou no Inter-Regiões em 2016, em Ponta Delgada, a minha estreia na narração da prova. Vamos lá olhar agora para a jornada dez”.

“Na frente temos o Sporting, que só perdeu no Porto, e a Oliveirense que só foi derrotada, em casa, pelo Benfica, tendo havido um empate no confronto direto. Tivemos a primeira derrota do Tomar em casa, além da escandalosa derrota do Benfica em Riba d’Ave, num jogo entre um dos líderes e o penúltimo classificado, à partida para esta ronda”.

“Tens explicação para esse desaire?”.

“Claro que sim, os encarnados não gostam de chá de tília”.

Chá de tília!? Ah, sim, deve ter a ver com o nome do pavilhão.

“Relativamente à minha meia-dúzia, o Carvalhos continua isolado (3 pontos), no segundo lugar temos Riba d’Ave e Turquel (9), seguidos do Braga (10), Valongo e Murches (13)”.

“E temos ALMOFADA?”.

“Nada! Quase todos os jogos muito equilibrados, pelo que resolvi alargar o meu prémio à Segundona, sempre que não o entregar na Primeirona. Em Vale de Cambra tivemos uma goleada, com Tiago Pinho (Escola Livre) a sofrer 5 golos e a levar o prémio para casa. Antes de me despedir, ainda posso voltar ao assunto dos empates?”.

O que será que lá vem agora?

“Sim, vamos a isso”.

“Acho que as equipas que empatam num jogo deviam ter um ponto negativo!”.

“Espera lá, tu na tua classificação bonificas com um ponto quem perde por um ou dois golos de diferença, mas achas que quem empata devia ter menos um!?”.

“Claro, quem perde por poucos é porque tentou vencer, já quem empata não fez o suficiente para ganhar. Ou então devia ser como no basquetebol, não havia empates, sendo o jogo prolongado até uma equipa marcar. Até para a semana Tio”.

“Adeus AMAGADINHO”.

Aquela cabeça não para!

(28/11/2023) Quando em Portugal falamos do vermelho, poucos serão os que não aliam a cor ao Benfica ou ao Partido Comunista, mas também temos aqueles que passam os semáforos quando eles estão coloridos dessa forma, pondo em risco a sua vida, e mais grave do que isso, a integridade física de outros.

Mas não, hoje não é o dia da prevenção rodoviária, dos comunistas ou do SLB, mas já vou explicar isso mais logo, pois eles estão a chegar.

“Boa noite Tio”.

“Boa noite juventude. Estão a gostar deste friozinho?”.

“De dia até que não se está mal, mas quando o sol vai descansar, a coisa fica a pedir um casaquinho”, afirmou a RODINHAS.

“Eu ainda não guardei os calções”, brincou o OLHA.

“Já cá faltava o rapaz do frio psicólogico”, retorquiu o ALÉU com uma gargalhada.

“Ele nunca tem frio, mas agora vamos a outro assunto, sendo que hoje vamos falar de um planeta no fora da caixa”.

“Sempre que me falam em planetas recordo-me daquela lengalenga que aprendemos na escola: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e Plutão”, referiu a RODINHAS.

“E é de um deles que vamos falar agora, porque hoje é o Dia do Planeta Vermelho”.

“Então já sei que vamos falar de Marte”, afirmou o ALÉU.

“Acertaste. Sabem a origem desta alcunha que ele tem?”.

“Tem a ver com a cor avermelhada da sua superfície, derivado ao alto nível de óxido de ferro existente”, explicou o OLHA.

“Já o nome deriva da mitologia romana, Marte era o deus da guerra, pois os romanos associavam a cor do planeta ao símbolo do sangue e da guerra”, acrescentou a RODINHAS.

“Porque é que se comemora hoje?”, questionou o ALÉU.

“Porque a nave espacial Mariner 4 foi lançada em 28 de setembro de 1964, sendo a responsável pela receção e envio das primeiras fotografias da superfície marciana para a Terra. Para encerrar este capítulo, mais duas ou três informações sobre Marte. Trata-se do segundo planeta mais pequeno do Sistema Solar, tem aproximadamente metade do tamanho da Terra e um ano por lá demora cerca de 687 dias por cá”.

“Tio, faltou uma coisa. Existem ou não marcianos?”, questionou o OLHA, com um sorriso maroto.

“Não sei, mas até que evidências concretas sejam ou não encontradas, a questão da existência de vida em Marte permanece em aberto e é um tópico fascinante para a investigação científica”.

“O único de que me lembro de ter visto foi o E.T.”, gozou o ALÉU.

“Deixemos a especulação marciana e vamos saltar para a realidade do hóquei em patins, começando com a Segundona da autoria do ALÉU.

“Muito bem, gostei do lançamento”, brincou ele. “Dois bons jogos, só três golos na Póvoa de Varzim, mas com o líder a segurar a vitória, já na Parede os da casa tiveram sempre o jogo controlado, reforçando a candidatura à subida, à semelhança dos poveiros. Relativamente aos que estão no encalço dos primeiros classificados, a norte a rapaziada de Viana do Castelo e São João da Madeira está bem posicionada, enquanto que a sul a luta pelo segundo lugar vai ser intensa, para já com os rapazes da Vila Presépio com uma ligeira vantagem, mas com várias equipas por ali perto”, terminou ele.

“Bem analisado. Agora vamos lá ouvir o que a RODINHAS nos vai trazer sobre dois jogos da Primeirona”.

“Ora no sábado tivemos uma boa partida, com os locais a começarem melhor, mas o FC Porto não queria perder pela terceira vez seguida com os nabantinos, encheu-se de ganas e ficou com os três pontos. Já no domingo, no Parque das Tílias, tivemos uma surpresa com apenas três golos, com o primeiro a ser dos encarnados, numa partida bem conseguida pelos homens da casa que deram a volta ao resultado”.

“Bem visto miúda. Agora é altura de irmos até à Terceirona, eu fico para o fim e arranca o OLHA com as séries A e B”.

“Começando pela A, o Lavra venceu à justa, mas continua na frente, enquanto que o Riba d’Ave B ainda procura o primeiro ponto. Na série B o Leiria e Marrazes perdeu em casa com a rapaziada de Vila Boa do Bispo, sendo que estas duas formações, mais os de Oliveira do Hospital, partilham a liderança”.

“Muito bem, chegou a minha vez. Na série C os bês do Alenquer e do Turquel empataram, em Santa Cita e em Coruche, mas continuam na frente, numa jornada em que HC Madeira conseguiu a primeira vitória e o Tojal mantém a invencibilidade. Já na série D o Sporting B continua no primeiro lugar, mas o Marítimo de Ponta Delgada, com menos dois jogos é o único totalista na Terceirona, a três pontos dos leões. Juventude, mais uma semana terminada, sábado cá estaremos”.

“Adeus Tio, porta-te bem”, gritaram os três.

Porque raio eu havia de me portar mal?

Esta semana vamos até ao Barreiro, onde no pavilhão Vítor Domingos – guarda-redes internacional português que faleceu no final de outubro – tivemos vinte e um golos na SACADA desta semana, com destaque para os guarda-redes do Fabril, João Caldeira (10) e Miguel Parreira (1).

Derrotar o campeão nacional em título é sempre notícia.

Ser responsável pelos dois golos que concretizaram esse feito, é motivo mais que suficiente para levar O VELHO desta semana para casa.

O capitão do Riba d’Ave, Pedro Silva, vai guardar com carinho este prémio virtual.

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