O Mostrengo do Marquês


(10/05/2025) Como já aqui expliquei mais do que uma vez – penso eu – a inspiração de cada um destes textos nasce com a busca do que aconteceu no dia em causa.

Descobri que há 112 anos nascia em Lisboa João Villaret, ele que foi ator, encenador e declamador, sendo nesta faceta de que eu me lembro dele, pois no final dos anos cinquenta, com o aparecimento da televisão, ele transpôs para este meio de comunicação a experiência que adquirira no palco e no cinema, assim como em programas radiofónicos.

Aos domingos, pelas 20 horas, declamava na RTP, com muita graça e paixão, poemas dos maiores e mais diversificados autores nacionais, sendo que ficaram célebres, entre outras, as suas interpretações de      Procissão, de António Lopes Ribeiro, Cântico negro, de José Régio e O menino de sua mãe, de Fernando Pessoa.

Estes programas passaram originalmente em 1959, precisamente no ano eu que eu nasci, acabei por ver mais tarde, mas aquele que mais me recordo é a do Mostrengo, um texto de Fernando Pessoa, declamado de forma sublime por João Villaret, ele que faleceria muito cedo, quando tinha 47 anos.

Para quem nunca viu ou ouviu, aconselho que procurem na internet, mas para quem não conhece este texto do Pessoa, cá vai ele:

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso,

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um Povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo;

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!».

Esgotado este boião de cultura, está na altura de ir ao encontro da minha juventude.

“Bom dia Avô”.

“Muito bom dia, está tudo bem convosco?”.

“Tirando o tempo estar muito estranho, está tudo”, riram-se eles.

“Devem ser as alterações climáticas”, devolvi eu com um sorriso.

“Se calhar é, mas já era tempo do sol chegar e ficar mais um bocadinho”, brincou a LARANJINHA.

“Temos que ter paciência… é o que há. Enquanto ele não aparece, vamos lá aos nossos palpites, mas tenho que explicar que no sorteio desta semana, o AMAGADINHO ficou com a Liga dos Campeões, pois não há Primeirona”.

“Nem foi preciso sorteio, pois só tenho os dois jogos das meias-finais”, riu-se ele. “Então, Benfica – FC Porto (5-3) e OC Barcelos – Noia (3-2)”, apostou ele.

“Eu tenho sempre muitas possibilidades nos papelinhos da Terceirona, para hoje tenho o CENAP – Sanjoanense B (6-2) e Sporting Torres – Os Tigres (2-4)”, arriscou o PANCHITO.

“Estou com muita fé esta semana, calhou-me na Segundona o Marinhense – Póvoa (4-4) e Salesiana – Paço de Arcos (3-5)”, terminou o PIPOCA.

“No próximo ano, quando fizermos o regulamento vou valorizar quem acertar nos empates, só para irritar o AMAGADINHO”, expliquei eu com uma enorme gargalhada. “Vou tratar já da minha Quarteirona, também não tive sorteio, pois só há estes dois jogos, Grândola – Infante Sagres (5-2) e Os Limianos – Cambra (2-1)”.

“Só falto eu, na Feminona tenho o Benfica – Turquel (6-1) e o Tojal – Sanjoanense (2-4), mas antes de nos despedirmos, não te esqueças da ementa para hoje”, riu-se a LARANJINHA.

“Claro, eu sei que não te esqueces, hoje vou grelhar umas entremeadas no carvão, com uma boa batata frita da Dona Céu”.

“Quem é essa senhora?”.

“Ela tem uma pequena mercearia em Viana do Alentejo, que vende umas batatas para fritar que ficam sempre bem estaladiças”.

“Reserva algumas para o verão, mas olha, se chover, como fazes o grelhado?”, perguntou o PIPOCA.

“Ativo o plano B, grelhadas na chapa, debaixo de telha”, ri-me eu.

“Tudo tem solução, grande abraço e até terça-feira”, despediram-se os quatro.

“Adeus, com beijocas”.

Não vai ser fácil fazer a ementa para o fim de semana, quando eles vierem a Oriola.

A Faculdade fez-lhe ver que do lado de lá sentia-se mais realizado, por isso está no FORA DO BANCO desta semana.

Nome Completo: Frederico Atayde Correia de Azevedo Mascarenhas

Clube atual: Parede FC

Idade: 35 anos

Local de Nascimento: Oeiras

Prato preferido: Bacalhau à Brás

Melhor local para viver: Paço de Arcos

Livro que está na mesa de cabeceira: Rafa: A Minha História

O filme que já viu mais do que uma vez: Um Domingo Qualquer

Jogou hóquei em patins? Se sim, em que clube(es): Sim, CD Paço de Arcos, AD Oeiras e Parede FC

Como/quando chegou a opção de ser treinador: Chegou no 3º ano da faculdade, tinha uma disciplina que era de Hóquei em Patins e percebi que tinha mais gosto em preparar treinos do que em treinar

Clubes/seleções que já treinou: CD Paço de Arcos, SL Benfica, UD Oliveirense, Parede FC e AP Lisboa

Mais fácil treinar equipas da formação ou seniores: Formação é bastante mais fácil

Quanto tempo demora a preparar o próximo jogo da sua equipa: Entre 6 a 10 horas

Se pudesse, que regra alteraria no hóquei em patins: Havia muitas regras que alteraria, mas escolhendo apenas uma, alteraria a questão das faltas para como tem o futsal, 5 por parte

Maior tristeza como treinador: Não ter terminado a época 2019/2020 no Sport Lisboa e Benfica, na época 2016/2017 ter perdido o título nacional de sub-17 a um minuto do fim, e claro, na época passada não termos conseguido a subida de divisão no play-off contra o AJ Viana

E, claro, a maior alegria:O título nacional e as duas Eurockey Cup, no escalão de sub-17, pelo SL Benfica, e o apuramento para o play-off de subida a temporada passada com o Parede FC

Para terminar, o que mais o irrita durante um jogo: Durante um jogo, o que mais me irrita é a impotência que nós treinadores temos, e a grande responsabilidade que nos é incutida sobre o resultado final.

(13/05/2025) O dia de hoje é um dos mais importantes para os católicos portugueses, movimenta milhares e milhares de pessoas que se deslocam até à Cova da Iria para comemorar o Dia de Nossa Senhora de Fátima, celebrando o aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos em 1917.

Não tenho elementos para comprovar que isso aconteceu, nem que não aconteceu, mas sei que há 326 anos nasceu Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido pelo Marquês de Pombal, local onde os dois grandes de Lisboa festejam as conquistas do campeonato português de futebol, para já adiadas para sábado.

Muitos são aqueles que acham que o dia de hoje devia ser feriado nacional, nunca foi, mas apesar de poucos lisboetas saberem, em 1926, por decisão do executivo autárquico, a figura do Marquês de Pombal era objeto de culto político desde os primeiros tempos da monarquia constitucional e, no momento de eleger a data do feriado municipal, foi escolhido o 13 de maio.

Fui espreitar no resto das autarquias, para ver se alguma tinha escolhido esta data para dar descanso aos seus munícipes, tendo descoberto que a única é Vila Real de Santo António, onde hoje se celebra os 249 anos da fundação da cidade.

Por lá, que eu saiba, não há hóquei em patins, mas por aqui está na hora de ligar à minha juventude.

“Boa noite Avô”.

“Muito boa noite, tudo em forma?”.

“Sempre, mas hoje queremos pedir-te um regime de exceção”, avançou o PANCHITO.

“Que tipo de exceção?”.

“Podemos falar de futebol?”, pediu o PIPOCA.

“Vá lá Avô”, suplicou a LARANJINHA.

“Claro que não, aqui é o espaço do aléu”.

“Eu avisei-os, mas eles quiseram tentar”, riu-se o AMAGADINHO.

Ficaram os três de olhar fechado, mas antes de avançarmos para a agenda do dia, decidi dar uma abébia.

“Exceção concedida, digam lá qual é o assunto?”.

“Como tu sabes, somos metade do Benfica e metade do Sporting, pelo que combinámos ir os quatro festejar o título deste ano no Marquês”, explicou a LARANJINHA.

Até fiquei arrependido de ter ralhado com eles.

“Acho uma excelente ideia, ótimo exemplo de desportivismo, claro que uns mais contentes do que os outros, mas faz parte, pois só um pode vencer. Agora que está tudo esclarecido, vamos lá pegar no aléu, começando pela Liga dos Campeões”.

“Sabendo-se que a possibilidade de uma equipa portuguesa vencer era de 75%, a matemática provou que é uma ciência exata, com a vitória do OC Barcelos, 34 anos depois da primeira, três jogos que terminaram, cada um à sua maneira, com a final resolvida nas grandes penalidades”, concluiu ele.

“Muito bem, gostei, em época de exames é preciso juntar o útil ao agradável”, brinquei eu. “Vou já despachar a minha Quarteirona, duas eliminatórias chegaram à negra, Os Limianos e Infante Sagres deram um passo em frente e encontram-se nas meias-finais, do lado dos mais despachados vão encontrar-se OH Sports e Tojal”.

“Altura de olhar a Feminona, o Tojal surpreendeu, em casa, a Sanjoanense, mantendo a esperança de chegar ao 4º lugar, mas a precisar que a matemática dê uma ajuda”, finalizou a LARANJINHA com uma gargalhada.

“Já percebi que essa disciplina vos dá pesadelos”, ri-me eu. “Quem se segue?”.

“Vou já despachar a Terceirona, na frente das quatro séries nada de novo, OC Barcelos B, Infante Sagres, Os Tigres e CRIAR-T continuam na frente, a três jornadas e alguns jogos do final da prova”, terminou o PANCHITO.

“Já na Segundona tivemos festa na Aldeia do Hóquei, o Turquel garantiu o regresso à Primeirona a duas jornadas do fim, com Parede, Paço de Arcos e Alenquer ainda a procurarem o lugar de liguilha, na zona Norte as contas são mais fáceis, ao Carvalhos falta um ponto para subir, já o Póvoa tem o 2º lugar garantido”, fechou o PIPOCA.

“Falta a Liga do Avô, está tudo na mesma, o PANCHITO no 1º lugar com 55 pontos, 2º lugar para a LARANJINHA (48), seguidos do AMAGADINHO (46), PIPOCA (45) e eu com 28 pontos”.

“Estás a recuperar Avô”, riram-se eles com ar de gozo e em simultâneo.

“Sim, sim, já vos disse que para o ano limpo isto com facilidade. Beijos e abraços e até sábado”,

“Adeus Avô”.

Enquanto eu ainda os ouvia, percebi que estavam a combinar a ida ao Marquês.

Como eu gosto muito da Terceirona, A SACADA desta semana tem duas edições com o mesmo número de golos.

Dezasseis foram os marcados em Ourém, com destaque para Luís Santos (8) e Rodrigo Nunes (3) guarda-redes da equipa da casa, as mesmas vezes que a pontaria foi certeira nas Termas de São Pedro do Sul, merecendo realce Francisco Oliveira (12) e Rodrigo Pires (2) que defenderam a baliza do Paço de Rei.

Apesar de não fazer parte das competições elegíveis para este espaço, não consigo resistir a um jogo sem golos, como o que aconteceu na zona Norte do Nacional de sub-15, onde os guarda-redes merecem ter aqui o seu nome, Bea Ferreira e Rafa Carvalho (Sobreira) e Fábio Alves (HC Braga).

O apogeu da PENÚRIA.

Pela segunda vez o OC Barcelos venceu a Liga dos Campeões, a primeira tinha sido há 34 anos, quando ainda se chamava Taça dos Campeões Europeus, José Querido era o treinador-adjunto e ontem vibrou com os golos do seu filho, Luís Querido, e de Pedro Silva, decisivos da marca dos 540 centímetros, eles que ficam com O VELHO desta semana, um para cada um, claro.

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